domingo, 8 de novembro de 2009

Receba do amor a gratidão antes que eu te conceba



Ele rezava copiosamente todas as noites pedindo por paz e paciência. Aquele momento era a polidez da alma. De tanto em tanto ia até a vela acesa para ver se ela terminaria toda, e se os pedidos caminhariam pelo espaço sideral .
Enquanto isso em algum canto da cidade, um outro menino sem saber recebia a vibração das preces balançar-lhe o coração. Sentia um afago sublime sem se dar conta que mãos cruzavam as suas ou
que abraço lhe envolvia. Era a paz.
A angústia daquele que rezava ia cessando a medida que a vela findava e não sobrava nem o pavio. Assim era o exercício de paciência, cheia de certezas de alguns detalhes, mas tudo o que foi feito em nove dias era para uma plena certeza, e a filosofia desta palavra rogou pela urgência de outras outras como o tempo, onde e quando.
Nem um, nem outro soube que o dia chegou. Assim, foi no dia seguinte sentados no rosedal, num canteirinho cheio de espadas-de-são-jorge e uns macaquinhos saltitantes. Toda a espera valeu muito a pena. Porque apesar do que em escândalo ou murmurando se diz por aí, é preciso preparar a necessidade e o desejo para o amor.