quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Para depois dos abraços partidos...


Esclarecidas as reticências dessas que ficam suspensas no ar e ainda sem conceber Bethania como as preces para meus ouvidos é preciso antes de mais nada renascer para fazer dos detalhes de um pedacinho de noite, as estrelas. Reprisando dos dramas às verdadeiras necessidades encontra-se aí o que era de fato para ter sido em resposta as vãs obrigações de tornar uma vida sozinha em dupla.... De saber que me escapaste aos dedos para ser outra pessoa. A que devia ter sido. Reconfortado pois, pela ciência das minhas palavras e pelas insígneas que a fé me faz conceber uma força maior, posso olhar-te com as devidas cautelas para saber que sou útil a ti em coisas mais grandes, quem sabe até nas que saturam a lógica desse amor, que ainda procuro. Portanto, regalo-te com estas palavras. Não te olvides que o outro amor, esse que talvez eu tenha conhecido madrugada passada é que se faz conforme para um dia entender o quão delicado e simples é o amor da gratidão tal qual sentem-se apazigados os elefantes do Tibet quando tem suas costas lavadas por cascas de coco.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Assim que saia da alcova

Nas primeiras horas eram coisas tão admiráveis de ouvir, como sendo a profecia dos pedidos silenciosos feitos no quarto naqueles dias de angústias cortantes ao coração. Depois, uma tarde enaltecida da vontade, da alegria, daquela conforme se tem quando se espera por alguém. Na noite e ainda pela madrugada o som do violão estremece dentro do meu ouvido até chegar na razão, onde em grande desacordo com as coisas da alma converte as memórias em fisgadinhas de dor para no dia seguinte reaprender a educar as coisas das ilusões. O que couber numa fração de hora é ali que repousa a espera, do que é prometido aos teus encontros, aos teus sabores...Reservas estas que habitam ainda no futuro. Portanto aqueles que muito rápido foram na fonte a fim de saciarem suas sedes, cuidado! Vigiai o entendimento para os dias em que acalentarás os fulgores dos teus ensejos. Noite estranha....que não entendo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Chuva de verão


Enquanto Pilar rodopiava sozinha no salão, descalça e com os pés imundos grudados de confetes, lá fora, batiam na vidraça as chuvas de verão. Nas veias corriam ainda as últimas notas de uma marchinha e lá no canto seu Zé Pilintra e alguns Malandros batiam palmas, e cachaça, e muita alegria. Num lugar como esse, todo o soçaite do samba finda com o refino e o acolhimento confortabilíssimo de uma gafiera saudosa de lindas cocotes para regalar os jovens de recem idades com os sabores do prazer....Por isso a chuva prenunciava novos verões. Para novos amores.

Fonte da imagem http://todoamorquehouvernessavida.files.wordpress.com/2008/11/samba_01.jpg disponível em 19/01/2010

domingo, 10 de janeiro de 2010

No tempo da veloz-cidade



Num prédio, um homem de trajes elegantes bate a porta do apartamento 304.

Do lado de dentro , Pilar ouvia Amy Winehouse cantando "Me and Mr. Jones" embriagada de wisky barato. Foi abrir a porta.

-Eu já falei que não queria que você viesse mais me ver, seu filho da puta. Eu não esqueci não...

A moça fechou a porta e em silencio o moço de fino trato saiu pelo elevador.


Na Praça Roosevelt, uma travesti fala pra um passante:

-"Ei, vamo brincá?!"

Com um fone no ouvido passou o mocinho , indiferente a pergunta da profissional da noite.


Na casa ao lado, uma mãe grita;

-"Vem jantar Arnaldo! Tá esfriando tudo"

E ele vai, esfregando a barriga, confirmando ao apelo estridente.


Tomás e Elis terminam o namoro na esquina


Os moleques da rua negociam a partida de futebol traçando uma justiça de regras que na vida jamais conheceram.


A secreatária está na estação com a meia furada e as pernas cansadas.

-"Que merda, cadê a porra desse trem?"


Termina a missa, umas pessoas saem comendo pipoca.


Gente rica, gente pobre, tudo na mesma avenida... O fluxo não para. O movimento é assim.


Recorto da paisagem, uma noite na cidade. Ponto.
Fonte da imagem: De Iara Abreu, disponível em http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.jornalaldrava.com.br/images/gif/iara_urbano_ no dia 10/01/2010.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Apatia

É uma estranheza reconhecer o amor, chegando para as pessoas a sua volta. É muito grande, transformador. É sobretudo silencioso. Não cabe em duzentas palavras para descrição.
O que eu acredito alguns não saberem é que é de má polidez tocar nesse assunto quando um outro alguém na angústia da espera tem que ouvir dizer que "pra tudo tem seu tempo". O amor é dessas coisas que são atemporais, desconhecem esse limite matemático. Muita grosseria e de extrema facilidade falar de amor quando a alma está reconfortada de carinho, de coisinhas das minúscula felicidade. A paciência é uma virtude universal onde cabe o amor de igual grandeza... Mas esse que falo... esse é daquele que mesmo os mais incrédulos têm medo de estarem isentos dele. Quando se quer demais, é quando se menos tem? Onde cabe a paciência nessas considerações?
Já tenho apatia de escrever sobre esses assuntos...emaranhados com outras apatias que me levarão a perda da escrita...
Cumpro uma obrigação de letrar minhas agonias... sem saber a quem amar.