segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Fidalgas horas ou A caminho de outros trezentos dias mais

Em noites ardentes de um país tropical, penso em ti horas fidalgas porque nobres são tuas doces vozes trêmulas saindo da vitrola no canto da sala. Tocaram depois cinco marchinhas cariocas, que num fechar de olhos com sinceridade podia eu, estar nos braços de Copacabana nesta sexta-feira de formosas gafieiras. Abri as janelas, sufocado pelo ardor das rosas vermelhas que escarlateavam o altar onde ao lado da esculturinha de Jesus Cristo eu te venerava todas as manhãs depois de uma xícara de café e um tanto de amor. Tão tediosas eram as brisas que me tocavam o peito nu, e com a obrigatoriedade de uma certa preguiça remoía-me em soluços recitando por vinte poucas vezes aquelas falas de quando no reencontro da paz eu ouvia de ti para dar sossego aos meus prazeres. Por ofício era um protocolo me amar. Pelo desinteresse coleciono todas as palavras em um arranjo de formidável placidez para que, polido esteja sempre os nossos corações para chorarem das dores às alegrias em um instante de calamidade pessoal. Conforme se tecia sentimentalidades ora baratas ora caras até para um verso, eu tomava com outros dois perversos umas doses de coisas da época... No cais desciam os marujos, sedentos por uma alcova e suas cocotes que de maquiagens mal-feitas gritavam 'amorzinho' de longe sabendo que aquilo não era e nunca foi tal situação dos sabores escondidos no pleito da despedida. No reencontro da perdida instância da imaginação, desdobro-me em trezentos dias mais. Para nunca mais ouvir a palavra paciência quando a indecência das angústias converterem em tempo de bandeira branca... De outros trezentos dias mais.