quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Multidão


Numa noite, sentei pra escrever. Eu e os outros que habitam dentro de mim. Decidi por fim que não precisava de mais ninguém. Já tinha bastante gente.

Depois Eguimar me escreveu algumas outras coisas. E veio Baiano Leandro, Jana, Sra. Pragnan, e "Clécia aproveita pra também mandar lembranças". E tinha aí toda a Terra.


Todo o testamento do mundo.


Para meus amigos aí citados

Um gay e banalidades

Fim de uma tarde de muito calor. Pele oleosa, suor, cansaço e um sapato gasto. Cansado e cansado gostaria muito de ser Melody Gardot dentro daquela banheira no clip Baby I'm a fool inclusive com aquele moço de fraque. Pensando na vida, pensando em coisas sobre ser gay. Pensando em ser o professor que é gay, a pessoa que quer amar , sendo gay. Não sei porque esta tolice invadiu os pensamentos, mas hoje coloco-me em personagem e ao referir ao detalhe tolo, é porque poucas coisas me causam esta sensação de que um gay tem umas tentativas de glamour no seu cotidiano. Ouve jazz em meio a uma desgraça que é o sol deste sertão centroestino. Por tudo que tem vontade de conectar o mundo com Ella Fitzgerald pra dar um pouco mais de dignidade no sofrer depois que Orfeu despertou e foi embora. Cansado de exaustivas horas de choros gays agora ouvindo Baby, decretei a mim mesmo o fim daquele episódio, já que chorar neste tempo seco desgasta muito, e sem falar que não combina sofrimento e calor. Alheio a estas coisas ainda tem o trabalho, exaustivo em meio a senhores e senhoras preparando o tempo de morte. E continuo a ler livros sobre espíritos, educação, um tal de La Blache que me cansa com essas malditas regiões que com toda sinceridade queria que fosse pro inferno! Não sabe este infeliz o que é um gay com calor! O rosto muito inchado, cabelo demasiado comportado, óculos. Posso passar invisível pela paisagem e me misturar ao nada que está reduzida a cor palha desta cidade. Escritos estes, são banalíssimos, sem veia literária. Mas tudo, tudo me desacredita de beleza e criatividade quando há excesso de gayismo, e falta de água... Pra sossegar a falta de inspiração.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Diário de Clarice


Na Rua um grito:
"Menina toma tento"
Naquele tempo (reme) lento
tinham coisas que hoje eu não me permito

Outrora mocinha:
"Esconde esses seios"
Não sabe a tolinha
Que entre as pernas
os meninos tem lá seus meios...

Depois foi o grande casamento
E me pressionavam um rebento
Já nos primeiros cumprimentos

Agora esposa, filho e marido
Nessa retidão que ia triste a vida
De frente para a pintura me vejo Frida
Onde a coisa parece que perdeu seu colorido

Amanhã, espero novamente estar lenta
Grisalha,

Sem rir mas re-contenta
Quando quem escreve
Em coragem no fim

Se avacalha.

Para as mulheres Nega Clécia, Mary Jane et Marta Saré... Para estas e outras tantas que quererm ser como estas mulheres.