quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Quem sabe não sou eu mesmo?

Colocar os dedos sobre este teclado. Começar a escrever é como se desfiasse aos poucos, os fios da minha estima. Um oco silêncio reverbera nos meus ouvidos, e uma aritmia fora de hora me contempla minutos de uma ansiedade parada. Estática.
Escrevo como um último recurso, para uma apreciação de mim mesmo, uma tentativa especular de me ver por dentro. Ou de me achar ridículo, ou de me achar um constante errante.
Pela primeira vez acho muito sérias as minhas palavras. Com medo delas. E eu acho que choro com tanta sinceridade que sinto as lágrimas tocando os meus pés.
A fragilidade humana tomou conta de mim, nesta fraçãozinha de hora.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Delicatesse

[link=http://www.musicas-especiais.com][red]Bebel Gilberto - Samba Da Benção[/red]
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sábado, 23 de julho de 2011

Navalha das Nove Horas

Olhos lacrimenjantes
Manhã cerrada com a navalha de verdades
Era para me lastimar mesmo aquelas palavras?

Não tem recorte modesto
Quando vejo que do amor ao asco é um segundo
Um segundo pra mudar
Um dia inteiro de vãs expectativas

E o café desceu amargo
Mais que o usual
e olhava no espelho e pensava: poderia ir mais além?

Enfiou as mãos dentro do espelho
Tocou na propria face e se deu carinho
E sorriu mais uma vez.

Saiu e foi para a janela
Ver o sol desta era, de gente medrosa e doente
O mundo movimentava conforme seu atraso
Mas eu aponto o lápis e viro a página

Ainda sem tempo para escrever...
Sem o tempo para reescrever
Mas com o tempo de ver

Que do lado de lá, tem as flores cintilantes que me abrem as portas para o amanhã. Com um pouco mais de glória.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Paredes de vidro

Eu gritava
Debatia contra as paredes de vidro.
Perdi o senso, a noção das palavras
Perdi o juizo e a razão de mim para mim mesmo

Eram transparentes, mas de que adiatavam?
Se me calavam e não me respondiam...
Nem se quer se trincavam para o meu desespero

Depois de cortar meu dedo, percebi que havia uma fratura


E que o vidro, é a única coisa que te emudece, corta e até mata, sem perder sua única e grande virtude: a transparência.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Estácio Holly Estácio


Se alguém quer matar-me de amor
que me mate no estácio
bem no compasso
bem junto ao compasso
do pacista da escola de samba
do largo do estácio

Estácio acalma o sentido
dos erros que faço
trago, não traço
faço, não caço
o amor da morena maldita
domingo no espaço

Fico manso e amanso a dor
hollyday é um dia de paz
solto o ódio, mato o amor
hollyday eu já não peço mais


Composição: Luiz Melodia

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Quando ela foi pra Vênus


No fim da tarde, ligou o carro, colocou um mantra e foi. Com óculos escuros foi tomando o caminho para fora da cidade em busca de paz. Chegou num lugar interessante, cheio de bonitas árvores, uma brisa acalentadora. Queria poder abraçar o mundo naquele instante. Tirou delicadamente os sapatos, enfiou os pés na terra e ali ficou por duas horas. Já estava pronta para ir. Para sair deste mundo. Era hora de ir pra imaginação. A passagem para lá é a morte daqui. Virou-se Eva, Messalina, Elizabeth, Joana D'arc, negra Anastácia e Iemanjá.
Depois com olhos perolados deixou que o mar invadisse toda a paisagem. Varrer o mundo era preciso. Permitiu-se ser a melhor força feminina do universo.
De mãos dadas com Deus ficou o adeus de que aqueles dias seriam os fiapos de eternidade que estaria por vir. De mirabolantes alegrias.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Nada literário

Muitas vezes procuro na escrita o conforto do meu dia, do meu ser. Não tenho vocação para ser escritor. Além desta não-vocação, pergunto se tenho vocação para alguma coisa. Com apenas 26 anos tenho tido preocupações banais para a idade. Em época em que a preocupação com a vaidade, com o futuro e coisas assim caminho por um lado e vejo-me ocupado de pensamentos para o amanhã; do outro lado a minha geração muito contente com o hoje, com a mentira do Carpe Diem que de fato não existe. Estou eu desalinhado com meu tempo? Quando eu me fiz esta pergunta nesta manhã, não consegui conter-me. Chorei e devo ainda hoje chorar mais um pouco. É hora de renunciar o que eu tenho planejado, aceitar certas condições e seguir? Ou devo ainda chorar uns dias mais e insistir nestas convicções? A dimensão da lógica tempo me agonia. Certifico-me de imensa segurança de que não estou nesta vida a passeio. Agregada a esta afirmativa tem o fato de que preciso de beijos, abraços, um sorriso motivador... De um outro alguém. E onde vou ou posso chegar? O que eu posso fazer por mim? Não sei. Preocupo-me quando começo a escrever demais.

domingo, 12 de junho de 2011

Panelas


Abri o armário. Uma panela de ferro com tampa de vidro. Outra de vidro com tampa de alumínio. A de alumínio com tampa de teflon. Teflon não tinha cabo nem alças mas tinha sua outra tampa.Panelas velhas sem tampas qualquer. Panelas novas com tampas trocadas.
Delicadamente fui derrubando uma a uma. Não era possível que com tantas sugestões a olhos nus, não enxergavam cada qual para si, sua outra parte.
Quando percebi minha contrariedade, semelhante à solidão empurrei o armário. Primeiro para que tudo que pudesse quebrar, estourasse. Depois porque vai que os garfos de cabo de madeira querem as facas de acrílico? E as colheres de chá? E se elas quiserem de uma hora pra outra serem colheres de sopa? Tem as promíscuas xícaras, de todos os tamanhos, as travessas que religiosamente viraram pó. Tudo destituído de sua ordem, pude estar aliviado. Como cada qual estava em vagabundo acordo de caos, instalei a minha forma de desorganizar o óbvio.
Portanto não venham pedir ou reivindicar o antes, o que era possível.
Para que as panelas encontrem o gemelar de sua parte vão correr o mundo novamente. Em busca daquilo conhecido como aquilo que lhes fazem inenarrável falta.

Ps.: Sou panela de pressão. Só me salvei porque estava no fogão. E porque sendo quem eu sou não caibo em outras panelas. Diferente das outras.

Sin Rumbo

Desci com muita pressa nesse raro dia frio. Com uma blusa sangrando de tamanho vermelho e um cachecol azul marinho. Do outro lado da rua, no alto de um predinho antigo umas luzes âmbar invadindo toda a escuridão da Avenida Anhaguera. Entrei. Lá em cima, uma moça de sorriso jovial, brincos de cores pulsantes contratavam o ar moderno de quem diz: " hey, seu nome tá na lista?"
O meu não estava. Estava nas listras. Da parede, dos tecidos, dos cabelos africanos, da soul music que cortava a navalhadas a pista de dança. Uma voz negra quando cantando a dor...
Um gole de gin seco. Combinei de ficar ali na portaria meia-luz-vermelha com ares de traição, alegria. Uns subiam, outros desciam. O gin logo compartido levou as mulheres a seu estado original de graça. E eu, tirei o cachecol, fechei os olhos. Dancei, olhei, contemplei a mim mesmo. Presentei-me com o prazer de ser eu mesmo uns minutos. Meu sorriso infantil, meu tudo com fragmentos para os próximos anos.
Desejo a mim mesmo o charme de um riso alcólico com essas mulheres. Todas elas tão quanto eu, Sin Rumbo mas com cumplicidade de ser lá da janelinha de vento gelado, os melhores recortes de uma sexta-feira desta não-cidade. Este lugar nos deve algo. Caro, caríssimo. Hoje não, mas vamos cobrar.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Ouça:

Cedo, abri as janelas. Vi esta cidade sem graça acontecer. Parei, olhei-me no reflexo de uma vitrine. Manchinhas no meu rosto, um sorriso ocluso. Esmagador fim de semana quando me descobri nascido pra ouvir. Ouvir sem esperar da vida melhor situação para sorrir. Amanhã começa nova data, mais um ano de vida, no anônimo jeito para dizer a mim mesmo: "É teu o dever da solidão?"
Por trás dos pretos óculos de sol (sem sol), a distância entre a imagem, a lágrima e o vento meio frio conspirou para um todo meio nada, de um monte de pouca coisa das emoções desgastadas de iguais verbos conjugáveis, que desta vez optou somente pela escuta. Aqueles aos quais dei ao préstimo de ser bom ouvinte, concluo: estão bem. Muito bem. A partilha de um cantinho de boa subjetividade deu para entender de que eu estou a algumas lacunas de igual felicidade, quando vinho, água, sorrisinhos lerdos estão mais a serviço deles do que de mim. Já é tempo pra renunciar? Não sei. De fato, não sei.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Dos céus a luz do meu desabrochar


Ele se olhava no espelho. Não sabia por qual razão mas gostava de ver como se expressava chorando. Digamos, era sua terapia particular. Com os olhos fixos na alma poderia entender por que passava por aquelas provações. As marcas acentuadas no rosto, ainda meio que leves já davam sinais de que o tempo pedia aos berros uma pontinha de amor próprio. A tal delícia de ser o que é.
Saiu de casa e foi se encontrar com amigas. Essencialmente parecidas, essencialmente marcadas por dores parecidas, o copo de cerveja no bar deu a todos os presentes um sorriso que dizia: por que não parar simplesmente e de luzes apagadas deixar o silêncio acalmar tudo?
Andando pelas calçadas, agora sozinho, descobria o viés da primeira solidão necessária. Não pensava nem queria crer em frases de revolução intíma. A consciência de saber que precisa transformar-se já é insconscientemente dolorosa. O mundo naquele instante pareceu de imenso vácuo... Do mesmo que se encontra nas estrelas. Nestas horas uma centelha do amor começou a nascer. Porque ali no jardim, olhando as flores foi que aprendeu: a vida é demasiada generosa para o nosso desabrochar. O que fazem essas plantas tamanha exuberância pedindo tão pouco pra viver? Concluiu que era a luz... o elemento que faltava.