terça-feira, 27 de agosto de 2013

O paralelo mundo da paz

Ando em paz pelas ruas do centro da cidade. O frio, o barulho do fim da tarde. A banca de revista se fechando, estudantes esperando pelo ônibus. Olhando tudo aquilo por instantes pensei não estar numa metrópole. Pensei no prazer da vida. Na oportunidade rara de sossego, de poder observar as coisas ao meu redor sem a burocracia da formalidade, ou mesmo do cansaço doentio. Do meu lado senta uma vendedora de chicletes, tão humana ao me contar da correria do seu dia. Tão honesta em seu ofício. Tão ela, tão desesperada e tão em paz. Guardo estas cenas com muitos outros detalhes, porque sei que a calma não caminha por aí todos os dias. Fecho meus olhos e me deixo levar por qualquer som da sutileza. Pela forma de como tudo conspirou e ajustou as minhas lentes do mundo para me tocar com instantes da simplicidade. Do bem que fiz a mim mesmo, as minhas próprias conclusões quero nelas me contagiar. Para sempre....

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Veredas

No mundo existem várias opções de amor. E somente duas formas de tê-lo: ou ele acontece, ou você escolhe. Era uma regra. Mas o que dizer quando alguém milita uma forma de amar com você? Nos espaços da rua, nas multidões, no cinema, nas manhãs burocráticas. Algumas pessoas tem essa capacidade de desenhar as paisagens da minha imaginação mas nem todos permanecem. Mas e se permanece? Não seriam minhas imagens transformando-se em falésias ou relevos de felicidade? Depois de muito tentar você descobre que são planícies. Tão vitais quanto oxigênio, hidrogênio em ligações que não são nem iônicas, nem covalentes, mas platônicas.Apesar dessas reações, dessa alquimia só posso vê-lo assim como vejo a mim mesmo. De outras tantas formas vou educando a cabeça para amar sem conceber. Porque assim prevalece, sempre branco, sempre alvo, sempre inocente, adolescente romântico incorrigível. Minha química que não alcança suas veredas. Em águas tão profundas, vamos navegando raso. Para o barco não virar.


Para Ademir

terça-feira, 2 de julho de 2013

Tudo que eu te desejo Baby...

Até então parecíamos desses casais de comercial de margarina. Eram manhãs lindas demais, muito sol, risadas altas que cortavam o silêncio dos domingos. Sempre ouvindo alguns rocks, e entre um beijo e outro um sorriso (detalhe este que é o mais charmoso do universo!). Era assim.
Depois de intempestivos dias de não sei o quê, de filosofias da neurose, do espaço doentio da cidade, de contravenções da felicidade a música parou de tocar. Eu vestia uma camiseta com os dizeres "Baby, I Love You" e sempre mostrava. Mas nenhuma resposta. Parecia somente um "obrigado". Do alto do prédio jogava flores. Que bom que elas serviram aos protestos na rua. No meio destes manifestos fiz meu cartaz com os seguintes escritos: "Não são pelas manhãs do domingo, são pelos outros seis dias de beijos de risinho aberto." Tanta gente solidária aos meus apelos, menos você. Passei a escrever no relento, ao meio-dia, na parada de ônibus, no alto do prédio. Até a exaustão. Para aliviar minhas pressões desse amor hipotecado agora de um não-querer. Não somos proprietários um do outro, mas morava aqui comigo saudades antecipadas de um futuro que não cheguei a ver. Não tem problema: o amor quando se desdenha pode até aplacar a dor, mas vigora sempre um quê de esperança. Eu sou das antigas, ultrapassado. Um fragmento do tempo que ficou aqui pausado no conceito de amar. Com licença, preciso voltar a escutar Gal, cantando só para mim, Baby.

Para acompanhar na leitura...

https://www.youtube.com/watch?v=D0W2tbTrKLw

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Fragrâncias de amor


Numa destas tardes modorrentas de quem acompanha o calor da cidade, ao chegar em casa desfrutei de um banho com os olhos fechados.
Depois deste prazer já tão incomum nos nervos abalados dos cidadãos, estremeci com um cheiro novo, de sabonete que se misturava a minha pele. Fechei os olhos: lembrei dos tempos do amor quando era limpo, floral, lavanda, camomila, jasmim e mel. Quando o abraço gostoso trazia todas estas fragrâncias, aquelas manhãs de louvados beijos debaixo dos cafezais eram de fato a mais fina preciosidade que aquece o turbilhão das memórias.
Saudades é ter com você
Saudades para viver
Sabendo que teus passos junto aos meus tinham mais pressa
Mas...o tempo abriu frestas
abriu festas
E tudo, tudo está aqui
Guardado esperando você chegar