terça-feira, 24 de maio de 2011

Ouça:

Cedo, abri as janelas. Vi esta cidade sem graça acontecer. Parei, olhei-me no reflexo de uma vitrine. Manchinhas no meu rosto, um sorriso ocluso. Esmagador fim de semana quando me descobri nascido pra ouvir. Ouvir sem esperar da vida melhor situação para sorrir. Amanhã começa nova data, mais um ano de vida, no anônimo jeito para dizer a mim mesmo: "É teu o dever da solidão?"
Por trás dos pretos óculos de sol (sem sol), a distância entre a imagem, a lágrima e o vento meio frio conspirou para um todo meio nada, de um monte de pouca coisa das emoções desgastadas de iguais verbos conjugáveis, que desta vez optou somente pela escuta. Aqueles aos quais dei ao préstimo de ser bom ouvinte, concluo: estão bem. Muito bem. A partilha de um cantinho de boa subjetividade deu para entender de que eu estou a algumas lacunas de igual felicidade, quando vinho, água, sorrisinhos lerdos estão mais a serviço deles do que de mim. Já é tempo pra renunciar? Não sei. De fato, não sei.