quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Carta para minha velha


Goiânia, 18 de agosto de 2009.

Fátima meu amor,


Hoje te escrevo para lembrar o tanto de saudades que sinto das suas mãos ligeiras. Lembra daquele dia que fomos ver Vila e Goiás, no Serra? Você vermelha de paixão, a tigresa que eu morro de amores, louca... E eu te presenteio com minhas esmeraldas porque seus olhos igualmente são. A torcida grita e se mata. E eu te amo, mais e mais quando você me oferece pamonha frita, e vejo esvoaçar no ar sua cabeleira tão desgrenhada como folhas de buritizais. Os teus seios...tão deliciosos como cajamanga verde com sal. Eu sou teu sal. Tuas mãos torcidas às minhas ainda revivem nossos passeios bregas em que brindávamos garapa com limão em copo de plástico na Praça Cívica. E confesso que sinto ciúmes daquele monumento que tem lá porque eu sei, minha velha, que admiravas por horas as formas daqueles corpos que eu sei que não se parecem com os meus, mas nem me preocupo porque teu nome denuncia quem és: Fátima, mistura de fantástica e ótima. Meu ingazinho, nossos lábios e nossas mãos hoje rachadas como nossos pés, sabendo que já não sou tão firme como um angico, sigo te amando, te desejando mesmo murcha. Porque quando caminho contigo por esta cidade, por estas ruas que me levam até você, das coisas lindas às mais fuleiras escrevem um segredo: te espero no Mercado Municipal com um pedaço de rapadura para que coma um pedaço você e eu, e renovar um beijo doce antigo como nosso rosto, mas tão gostoso como aquele cajazinho que chupava, chupava... Segredo que o Cerrado não soube decifrar.

Do seu Chico (querendo-te, duro como um angico)

Um comentário:

João Damasio disse...

Lamúria e clamor pelos tempos não-arrependidos.