domingo, 8 de novembro de 2009

Receba do amor a gratidão antes que eu te conceba



Ele rezava copiosamente todas as noites pedindo por paz e paciência. Aquele momento era a polidez da alma. De tanto em tanto ia até a vela acesa para ver se ela terminaria toda, e se os pedidos caminhariam pelo espaço sideral .
Enquanto isso em algum canto da cidade, um outro menino sem saber recebia a vibração das preces balançar-lhe o coração. Sentia um afago sublime sem se dar conta que mãos cruzavam as suas ou
que abraço lhe envolvia. Era a paz.
A angústia daquele que rezava ia cessando a medida que a vela findava e não sobrava nem o pavio. Assim era o exercício de paciência, cheia de certezas de alguns detalhes, mas tudo o que foi feito em nove dias era para uma plena certeza, e a filosofia desta palavra rogou pela urgência de outras outras como o tempo, onde e quando.
Nem um, nem outro soube que o dia chegou. Assim, foi no dia seguinte sentados no rosedal, num canteirinho cheio de espadas-de-são-jorge e uns macaquinhos saltitantes. Toda a espera valeu muito a pena. Porque apesar do que em escândalo ou murmurando se diz por aí, é preciso preparar a necessidade e o desejo para o amor.

2 comentários:

A. T. disse...

Não conhecia este teu lado narrador de histórias. Parabéns pelo texto, muito bom.
Tenho percebido que em seus textos muito é falado do amor, em todos os seus sentidos.
Só tenho uma coisa a dizer: tenha cuidado. Esse tal de amor é perigoso, apesar de ser uma das mais belas coisas já feitas.
Outra coisa é quanto à oração, não sei se ela sempre alivia mas pode servir como conforto. Como deposito de tudo que se pode falar.
Até mais.

Jornalista Descaradamasio disse...

Hum, bem interessante.
Mas ao contrário do Adenevaldo e de um monte de gente não julgo que o amor seja perigoso e nem que tenhamos que ter cuidado.
Perigoso é o egocentrismo que se impõe sobre o amor verdadeiro, quase sempre. Mas estamos caminhando contra isto.

Pelo texto, Parabéns Gadiego Cieser! Vc cita, recita e dita muito bem suas inspirações. E belo conto, tbm muito inspirador.
Abçs, JD.