Ele rezava copiosamente todas as noites pedindo por paz e paciência. Aquele momento era a polidez da alma. De tanto em tanto ia até a vela acesa para ver se ela terminaria toda, e se os pedidos caminhariam pelo espaço sideral .
Enquanto isso em algum canto da cidade, um outro menino sem saber recebia a vibração das preces balançar-lhe o coração. Sentia um afago sublime sem se dar conta que mãos cruzavam as suas ou
que abraço lhe envolvia. Era a paz.
A angústia daquele que rezava ia cessando a medida que a vela findava e não sobrava nem o pavio. Assim era o exercício de paciência, cheia de certezas de alguns detalhes, mas tudo o que foi feito em nove dias era para uma plena certeza, e a filosofia desta palavra rogou pela urgência de outras outras como o tempo, onde e quando.
Nem um, nem outro soube que o dia chegou. Assim, foi no dia seguinte sentados no rosedal, num canteirinho cheio de espadas-de-são-jorge e uns macaquinhos saltitantes. Toda a espera valeu muito a pena. Porque apesar do que em escândalo ou murmurando se diz por aí, é preciso preparar a necessidade e o desejo para o amor.
2 comentários:
Não conhecia este teu lado narrador de histórias. Parabéns pelo texto, muito bom.
Tenho percebido que em seus textos muito é falado do amor, em todos os seus sentidos.
Só tenho uma coisa a dizer: tenha cuidado. Esse tal de amor é perigoso, apesar de ser uma das mais belas coisas já feitas.
Outra coisa é quanto à oração, não sei se ela sempre alivia mas pode servir como conforto. Como deposito de tudo que se pode falar.
Até mais.
Hum, bem interessante.
Mas ao contrário do Adenevaldo e de um monte de gente não julgo que o amor seja perigoso e nem que tenhamos que ter cuidado.
Perigoso é o egocentrismo que se impõe sobre o amor verdadeiro, quase sempre. Mas estamos caminhando contra isto.
Pelo texto, Parabéns Gadiego Cieser! Vc cita, recita e dita muito bem suas inspirações. E belo conto, tbm muito inspirador.
Abçs, JD.
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