sábado, 23 de julho de 2011

Navalha das Nove Horas

Olhos lacrimenjantes
Manhã cerrada com a navalha de verdades
Era para me lastimar mesmo aquelas palavras?

Não tem recorte modesto
Quando vejo que do amor ao asco é um segundo
Um segundo pra mudar
Um dia inteiro de vãs expectativas

E o café desceu amargo
Mais que o usual
e olhava no espelho e pensava: poderia ir mais além?

Enfiou as mãos dentro do espelho
Tocou na propria face e se deu carinho
E sorriu mais uma vez.

Saiu e foi para a janela
Ver o sol desta era, de gente medrosa e doente
O mundo movimentava conforme seu atraso
Mas eu aponto o lápis e viro a página

Ainda sem tempo para escrever...
Sem o tempo para reescrever
Mas com o tempo de ver

Que do lado de lá, tem as flores cintilantes que me abrem as portas para o amanhã. Com um pouco mais de glória.

Um comentário:

João Damasio disse...

E a lixeira fica cheia de dejetos recortados, raspados. Reutilazados, são adubo para as "flores cintilantes" do amanhã.