domingo, 12 de junho de 2011

Sin Rumbo

Desci com muita pressa nesse raro dia frio. Com uma blusa sangrando de tamanho vermelho e um cachecol azul marinho. Do outro lado da rua, no alto de um predinho antigo umas luzes âmbar invadindo toda a escuridão da Avenida Anhaguera. Entrei. Lá em cima, uma moça de sorriso jovial, brincos de cores pulsantes contratavam o ar moderno de quem diz: " hey, seu nome tá na lista?"
O meu não estava. Estava nas listras. Da parede, dos tecidos, dos cabelos africanos, da soul music que cortava a navalhadas a pista de dança. Uma voz negra quando cantando a dor...
Um gole de gin seco. Combinei de ficar ali na portaria meia-luz-vermelha com ares de traição, alegria. Uns subiam, outros desciam. O gin logo compartido levou as mulheres a seu estado original de graça. E eu, tirei o cachecol, fechei os olhos. Dancei, olhei, contemplei a mim mesmo. Presentei-me com o prazer de ser eu mesmo uns minutos. Meu sorriso infantil, meu tudo com fragmentos para os próximos anos.
Desejo a mim mesmo o charme de um riso alcólico com essas mulheres. Todas elas tão quanto eu, Sin Rumbo mas com cumplicidade de ser lá da janelinha de vento gelado, os melhores recortes de uma sexta-feira desta não-cidade. Este lugar nos deve algo. Caro, caríssimo. Hoje não, mas vamos cobrar.

Um comentário:

Anônimo disse...

simplismente vc sem palavras