domingo, 11 de janeiro de 2009

Marvin esperando pelas borboletas



Marvin é destas pessoas do bem. Não se mete em controvérsias, acredita muito em um mundo melhor e empenha nisto. Muitos querem sua amizade voluntária assim como tudo que com amor, este menino colhe entre umas espinhadas e outras, entendendo que a vida precisa renovar o pacto com a dignidade. Faz teatro, toca algumas coisas de piano, odeia televisão, mas tem paixão avassaladora por Jazz, principalmente em dias de chuva.
Este é o menino que dias desses saiu com a irmã depois da aula e foram para um boteco na periferia da cidade para comerem algo antes de retornarem para suas casas. Estavam ali desfrutando a presença um do outro, comendo feijão tropeiro, e rindo muito. Mas tem uma terceira pessoa, o cunhado, que é destes que faz um momento como aquele parecer uma coisa pequena perto da grandeza da sua imbecilidade, principalmente quando os assuntos são cultura e dinheiro. Mas com dinheiro ele consegue ser pior.
Foram pagar a conta. Marvin é “quebrado”, come muito à custa dos outros e isso ele já entende que é problema, mas seu cunhado é problema maior porque ele consegue estragar qualquer coisa por causa de dinheiro. A conta do bar verbalizou-se em pequenas ofensas direcionadas para o lado mais fraco da situação. Não é assim mesmo que acontece com a “corda” quando arrebenta?
Sem dinheiro, o “duro” abaixou a cabeça, deixou a irmã se entender com o marido, chorou sem lágrimas e engoliu um pedaço de carne que também não deixava de ser um pouco de desaforo temperado com humilhação.
“Quanta felicidade se destrói por causa do dinheiro?” pensava o pianista. Também pensava o quanto àquela situação era desonesta com ele. Bem ele que não entendia os motivos que levavam uma pessoa ser tão vil para criar tantos atritos por miudezas...
Decidiram todos irem embora. A irmã com muita pena de tudo, sem argumentação para mediar aquilo. O cunhado sempre brilhante para a ignorância e, ausente de bom senso ia estupidamente enchendo a boca para falar que “comprou com o suor do próprio trabalho” o carro velho que guiava. E Marvin olhava as pessoas, olhava para a rua, fechou os olhos para olhar o coração também, porque lá estavam as respostas que precisava. Porque gente nobre consulta a alma nestes momentos. Já os miseráveis não consultam nada... Não precisam! A miséria tem conchavo com a arrogância estapafúrdia. Conclusões sinceras.
Marvin sabe que borboletas antes de voarem vivem nos casulos...E acredita que o amor, a felicidade e a compaixão também estejam vivendo assim, esperando pelo grande dia.



Gadiego Cieser

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